Thursday, November 03, 2005

Extremista?! Quem, afinal?

Hoje, observando as desgraças do mundo no telejornal (por vezes, mas muito poucas, também há coisas menos desgraçadas, mas estão a diminuir consideravelmente) fiquei horrorizado com a reportagem que passaram sobre autênticos gangs de delinquentes, nomeadamente de bairros sociais pobres (e de ascendência arábica, mas sobre isso já vou falar). Como é que algo como isto PODE acontecer na França? Quer dizer, ouvir coisas dessas a acontecerem na Argentina (como ouvi) ou no Iraque (que acontecem diariamente) é perfeitamente "normal" (definam normalidade) mas num país fundador da UE?

Mas afinal o que é que aconteceu? Verdadeiros delinquentes incediaram carros, casas, lojas, escolas, atacaram tudo o que viram, e porquê? A história que circula é de vingança por dois elementos de um bairro qualquer, que, aquando de uma perseguição policial, se refugiaram numa cabina de alta tensão e morreram electrocutados. Mas:

  1. A polícia não tem de pagar por isto, porque não matou ninguém (e se matasse também teria legitimidade, já que não acederam à ordem de paragem da polícia)
  2. O povo francês também não, no entanto são os seus carros, as suas casas, os seus negócios que são vandalizados! (enquanto não "evoluir" para pior...)
  3. E este protesto todo, na realidade, não tem como causa principal a morte desses dois. É mesmo uma resposta marginal à carga de policiamento que o governo francês enviou para controlar estes bairros problemáticos (e que agora nem a polícia lá entra);
O resultado deste cocktail de jihad, delinquência, drogas, gangs e armas é isto:

E agora, voltando aos bairros: há bocado disse que a maior parte dos delinquentes são de origem árabe. Para começar: eu não sou racista. Aliás, defendo que no mundo todos nós devíamos viver em igualdade, uns para outros e tudo feliz (completamente utópico...). Mas... não contando com as guerras da reconquista cristã, e com aquelas tretas obscuras da Inquisição (em que foram cometidas verdadeiras atrocidades) a tolerância religiosa e cultural faz hoje parte integrante das sociedades modernas (apesar de ainda estarem um pouco longe do modelo utópico, mas já foi pior...) Mas talvez tenha sido esse o problema dos franceses. Se 8 é inaceitável, então vamos dar-lhes 80! E foi o que aconteceu. E lá veio um enorme fluxo de emigrantes (digam-me se isto está correcto, engano-me sempre com o e(i)migração) que aproveitaram e espremeram o sistema social francês (estou a pegar na França como podia pegar na Inglaterra...), aproveitaram o exagero que foi colocado nas questões raciais e saíram imensamente a ganhar. E agora querem tirar-lhes isso. É o tiras (perdoem-me esta expressão algo infantil, foi o melhor que consegui arranjar). E agora isto. E amanhã outro onze de Março. Ou mesmo outro onze de Setembro.

Soluções? Vou ver se falo de algumas no próximo post... hoje já chega de atrocidades e tristezas no mundo... Triste mundo em que vivemos!